Triticultura ganha destaque no Paraná e no Show Rural de Inverno!

A cultura do trigo, o que ela representa e o que ela pode significar para o agronegócio do Paraná. Essa foi a tônica dos pronunciamentos da abertura oficial do 2º Show Rural Coopavel de Inverno, no fim da manhã desta quarta-feira, em Cascavel, no Oeste do Paraná. “Somos muito gratos à Coopavel e a esse evento, porque permitem que reflitamos e que coloquemos em prática ações que podem consolidar o trigo e as culturas de inverno no Estado”, disse o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.

O trigo é a única cultura brasileira que pode dobrar a sua produção nos próximos anos. O Paraná tem 2,7 milhões de hectares de área em pousio nos meses frios e que podem ser destinadas a cultivos que gerem renda, oportunidades e resultados. Atualmente, o Estado dedica 1,2 milhão de hectares ao trigo, e essa área pode crescer principalmente com os avanços que as novas tecnologias trazem às variedades. “Temos pelo menos 20 cultivares de trigo em exposição no Show Rural com produtividade de 6 mil quilos por hectare, muito superior aos 3,4 mil quilos/hectare da Argentina”, citou o presidente da Coopavel Dilvo Grolli.

O Show Rural Coopavel de Inverno, diante do que se vê aqui, cria um ambiente favorável para a utilização de áreas agricultáveis no inverno, o trigo se mostra como uma excelente opção, disse Ortigara. Ele falou dos desafios impostos pela pandemia nos últimos 18 meses e afirmou que o agro e a indústria fazem a sua parte no Paraná. “O campo cresceu em 21% no Estado, chegando a R$ 128 bilhões. Temos aqui a economia rural mais diversificada do País”, disse o secretário, falando das consequências do clima na quebra da produção de milho. “Mas os desafios nos impulsionam e saímos das crises ainda melhores”, destacou Ortigara, citando fala da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de que as perspectivas para o setor agropecuário são fabulosas para os próximos anos.

Incentivo

Durante a cerimônia de abertura duas iniciativas de incentivo ao cultivo do trigo foram lançados. Um deles é o Programa Cereais de Inverno e Segunda Safra, do governo estadual em parceria com Faep, Ocepar, Sindiavipar e IDR, e outro é o Coopavel Mais Trigo, que pretende até 2026 dobrar a quantidade do grão recebida pela cooperativa, saltando das atuais 3,5 milhões de sacas para 7 milhões. “E para isso, temos um conjunto de ações importantes, que em 2022 serão financiamento de insumos a taxa zero aos produtores, seguro agrícola e garantia de preço de R$ 100 a saca, o maior valor já pago para essa cultura aos triticultores daqui”, segundo Dilvo Grolli.

Dilvo fez uma recuperação histórica para lembrar de injustiças com a triticultura nacional. Uma delas foi colocar intermediário entre o produtor e o moinho e outra foi estabelecer, no Pacto do Mercosul, a Argentina como a grande produtora do grão no bloco. Tudo isso contribuiu para desestimular a cultura no Brasil, mas não vamos desistir, disse o presidente da Coopavel, que enxerga um horizonte dos mais promissores à cultura, aos triticultores e à economia rural paranaense e brasileira. “O Paraná é o maior produtor de trigo do País, que mesmo produzindo perto de sete milhões de toneladas ainda precisa importar cerca de seis milhões”.

O presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, afirmou que as forças do agro passam a olhar ainda com mais carinho para as culturas de inverno. “Temos grandes extensões de terra, tecnologias, cooperação e produtores capacitados”. O Show Rural Coopavel de Inverno, que mostra variedades com produtividades impressionantes, é uma grande universidade a céu aberto, que dissemina conhecimentos com eficiência e agilidade, citou o presidente do Sindicato Rural, Paulo Orso. “O trigo trará benefícios inclusive à cadeia do frango, que emprega 85 mil pessoas no Paraná”, disse o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues. “Com tudo o que tenho visto, posso afirmar que a grande obra da atualidade da nossa região é a maturidade”, ressaltou o prefeito Leonaldo Paranhos.

O evento Show Rural de Inverno 2021

O monsenhor Reginei Módolo, o Padre Zico, fez a bênção do evento, que iniciou as visitas guiadas na manhã desta quarta-feira. Os visitantes são divididos em grupos e percorrem 15 estações pelo parque. São 38 variedades de culturas de inverno – além do trigo, há aveia, centeio, triticale e plantas de cobertura. As visitas seguirão ainda nesta quinta e sexta-feira, a partir das 8h. Os interessados em conhecer as novidades podem se dirigir à área, na BR-277, no km 577, e aguardar a formação de grupos para o início da visita. Devido à pandemia, uma série de cuidados são adotados para a segurança de todos, como aferição da temperatura corporal, uso de máscara durante todo o percurso e distribuição de álcool em gel em todas as estações.

Nota Técnica – Cultivo do Trigo no Paraná para a safra de 2021: Opção viável para áreas ociosas e regiões com impossibilidade da semeadura do milho safrinha.  IDR – Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná –  IAPAR / EMATER.

O Brasil consome anualmente 11,8 milhões de toneladas de trigo, porém produz cerca de 6,2 milhões de toneladas, sendo o estado do Paraná o principal produtor, contribuindo com 50% da produção nacional. Para atender o consumo interno é necessário importar trigo, de modo que em 2020 o Brasil importou 6,8 milhões de toneladas, acarretando o envio de recursos financeiros escassos para o exterior, os quais deixam de ser utilizados no Brasil e na cadeia produtiva deste importante cereal de inverno.

Considerando que a área cultivada com a soja no Paraná é de aproximadamente 5,5 milhões de hectares e que no inverno o milho segunda safra ocupa 2,28 milhões de hectares e o trigo apenas 1,12 milhão de hectares, fica evidente que a área de trigo ou de outros cereais de inverno, como a aveia e o triticale, poderia ser significativamente expandida em detrimento do pousio.

O atraso na colheita da soja devido a problemas climáticos como a falta de chuvas no início da época da semeadura e posteriormente períodos longos com dias nublados e excesso de chuvas, atrasaram o desenvolvimento da planta retardando a colheita. Esse atraso está prejudicando a semeadura do milho segunda safra em todas as regiões do Paraná onde há o cultivo do milho safrinha, porém com mais intensidade nas regiões Sudoeste, Oeste e Norte do Estado.

Uma opção para os agricultores que estão enfrentando o problema da semeadura do milho segunda safra, dentro do prazo estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), é o cultivo de cereais de inverno. A cultura do trigo é a principal alternativa de produção para a safra de inverno no estado do Paraná e se encaixa perfeitamente no período de abril a outubro, dependendo da região de cultivo, em sucessão à soja.

A rotação de culturas é altamente desejável e os benefícios da palhada do trigo no solo vão desde a proteção contra a erosão, a manutenção da umidade, a redução da temperatura do solo, favorecendo os processos biológicos como o crescimento de raízes e a fixação do N, e a redução da população de plantas daninhas.

Some-se a isso a possibilidade de um retorno financeiro de exceção, uma vez que desde 2007 a cultura do trigo não apresentava uma rentabilidade tão alta: 49% considerando os custos variáveis estimados em novembro de 2020 pelo Departamento de Economia Rural do Paraná – DERAL/SEAB. Essa lucratividade é estimada com os preços recebidos de R$76,00 a saca em várias praças paranaenses ao longo de fevereiro de 2021, porém é preciso lembrar que estamos em um período de entressafra, e que esse nível de preço deve ter dificuldade de se sustentar com a entrada da safra, em setembro.

Disto, deriva a importância de travar os preços de ao menos parte da produção, se possível, tentando aproveitar o momento tanto de apreciação do câmbio quanto das cotações internacionais.

Outro fator econômico que deve ser levado em consideração é o possível ganho de produtividade na soja cultivada em sucessão ao trigo, pois a oleaginosa também vem registrando cotações bastante remuneradoras.

A indicação técnica para o cultivo de trigo é de diversificação de épocas de semeadura e de cultivares, visando dar mais estabilidade ao sistema de produção. Para o Paraná foi editada o Ato Portaria Nº 6, de 11 de janeiro de 2021, que aprova o ZARC do trigo de sequeiro para o estado do Paraná. Para acessar a portaria clique aqui.

Crédito: Matéria conjunta gentilmente cedida por Assessoria de Imprensa do Show Rural Coopavel e IDR – Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná.

Foto: IDR – PARANÁ.

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